07 de Agosto de 2020

Pesquisas e inovações que surgiram na pandemia

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​​​​​​​A esperança de dias melhores está depositada na descoberta de vacinas e remédios que possam frear a disseminação do vírus. A atuação de cientistas e pesquisadores que, por muitos anos, era pouco compreendida por grande parte da população, está ganhando grande destaque em todo o mundo 

Os empreendimentos da Rede Marista também estão engajados na busca por soluções inovadoras para vencer a Covid-19. Desde março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente a pandemia, mais de 50 profissionais e pesquisadores da PUCRS, do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc)do Instituto do Cérebro do RS (InsCer) e do Hospital São Lucas (HSL)​​ estão mobilizados em uma força-tarefa que tem como objetivo promover um apurado posicionamento técnico e científico frente a todas as incertezas relacionadas​ ao comportamento da i​nfecção e ao tratamento da patologia. ​

Para o pesquisador do InsCer e docente da Escola de Medicina da PUCRS, Daniel Marinowic, a pluralidade de profissionais que compõe a força-tarefa é o grande diferencial para a obtenção de resultados tão significativos: “foram criadas várias iniciativas muito distintas, por isso que a força tarefa é tão rica. Cada grupo de trabalho desenvolveu as suas atividades em áreas distintas, o que oportuniza um leque amplo de ações em prol do combate ao coronavírus”, avalia. 

A força-tarefa é composta por grupos de trabalho que atendem a diferentes demandas geradas pela expansão do vírus. Conheça cada um dos enfoques: 

1. Dados/Inteligência: busca subsidiar estratégias de gestão para a análise de um grande banco de dados, por meio de inteligência geoespacial, artificial e plataformas digitais. 

2. Molecular/Experimental: desenvolveu uma metodologia de testagem mais barata e ágil para detecção do coronavírus, visando a atender à grande demanda da área de diagnóstico. 

3. Diagnóstico: visa a proporcionar um diagnóstico molecular rápido do novo Coronavírus, para apoiar as decisões dos médicos, especificamente no Hospital São Lucas da PUCRS. 

4. Tratamento: propõe investigar a possibilidade de reposicionamento de remédios antivirais já conhecidos e que possam auxiliar no tratamento de pacientes com a Covid-19, bem como avaliar a terapia com célulastronco. 

5. Terapia celular: o objetivo principal é a realização de um ensaio clínico (fase I), em curto prazo, para a padronização, segurança, factibilidade e eficácia do transplante autólogo de célulastronco da medula óssea em pacientes infectados pelo coronavírus, internados no Hospital São Lucas, que venham a desenvolver sintomas respiratórios agudos graves. O grupo está comprometido com o desenvolvimento de estratégias inovadoras, como uma ferramenta para o tratamento de pacientes infectados que não respondam às terapias convencionais.  

6. Atendimento remoto médico/saúde mental: busca conectar profissionais da saúde mental para atender voluntariamente quem está na linha de frente contra a Covid-19. 

7. Labs Tecnopuc IDEIA: desenvolve prototipagem e equipamentos para proteção individual (EPIs), tais como máscaras, válvulas e componentes dos respiradores, além de outros modelos de aparatos voltados aos profissionais da saúde. 

8. Impacto nas crianças: o objetivo deste grupo é estudar o impacto da Covid-19 e da quarentena em aspectos cognitivos e comportamentais das crianças, com especial interesse naquelas que apresentam transtornos do desenvolvimento, durante e após a pandemia.  

9. Idosos: avalia a situação social, grau de dependência, situação de fragilidade, parâmetros nutricionais, aspectos emocionais e o manejo das doenças crônicas durante a pandemia, bem como os impactos da restrição social em idosos.   

10. Cérebro e Covid-19: avaliação neurológica, neuropsicológica, estrutural e funcional do cérebro de pacientes acometidos por infecção grave pela Covid-19. 

11Startups: visa a acompanhar as ações e projetos envolvendo a Covid-19 das startups localizadas no Tecnopuc. 

Segundo o vice-reitor da PUCRS e coordenador da força-tarefa, Jaderson Costa da Costa, “é chegado o momento de, juntos, buscarmos estratégias e ações baseadas no conhecimento científico disponível e em pesquisas que desenvolveremos para que resultados a curto prazo possam contribuir para sustar a progressão dessa pandemia e assim proteger nossa sociedade”. 

A partir da atuação de nossos pesquisadores e profissionais da saúde, vislumbramos um futuro promissor para o combate à pandemia e com maior valorização dessas áreas que são tão importantes para o desenvolvimento de soluções inovadoras para a sociedade.

Desenvolvimento de testes

Foto: Divulgação/InsCer

Entre os tantos resultados já obtidos com a força-tarefa, um deles é a produção de teste de diagnóstico molecular desenvolvido pelo grupo de pesquisadores do InsCer. O coordenador do grupo de pesquisa, Daniel Marinowic, explica que os estudos tinham como objetivo inicial ajudar os profissionais da saúde no diagnóstico de pacientes com Covid-19, porém, logo nos primeiros ensaios, vislumbraram que poderiam colaborar mais, estruturando uma alternativa de melhoramento para essa demanda.​

“Existia, e ainda existe, uma escassez de reagentes no mercado, utilizados nas diferentes fases do protocolo de testes, o que faz com que a produção demore bastante. Dessa forma, nós criamos um novo tipo de teste molecular, que utiliza outros tipos de insumos e reagentes, mais disponíveis”, destaca Marinowic. Esse fator diferencial faz com que os testes criados no InsCer sejam mais baratos que os do mercado e tenham uma triagem em maior escala. 

Atualmente, a capacidade operacional do laboratório é de 200 testes por dia. “Todo o laboratório de biologia molecular do InsCer se voltou para a Covid-19. A entrega é dinâmica e muito rápida”, avalia o coordenador. Outro diferencial importante do Instituto é que a equipe do laboratório é formada exclusivamente por pesquisadores, o que faz com que o olhar para os resultados também seja direcionado para estudos futuros. 

“Para o desenvolvimento desse novo protocolo de testes, precisamos ter muita coragem para acreditar que poderíamos fazer algo diferente. Às vezes, as pessoas estão mais acostumadas a apenas executar e, aqui, o nosso desafio era olhar para o processo e progredir em cima dele”, enfatiza. 

​Diferentes empresas já buscaram o InsCer para fazer a testagem dos seus grupos de colaboradores. Os resultados promissores desse trabalho ganharam uma divulgação tão ampla que o InsCer já recebeu doações do exterior para seguir investindo nesse produto. ​

Testagem de vacinas: a esperança de um tratamento eficaz

Com mais de 13 milhões de pessoas infectadas no mundo, o foco atual dos estudos e pesquisas está na fabricação de imunizantes para a doença. Habitualmente, a fabricação de uma vacina leva muito anos, pois necessita de fases de testes e estudos até poder ser comercializada, entretanto, em meio a uma pandemia, o processo deve ser realizado em menor prazo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente dez vacinas estão sendo testadas em humanos, algumas chegando à fase 3. O Centro de Pesquisa do HSL será um dos 12 centros do país a realizar os testes clínicos da vacina chinesa  Coronavac.  ​​

A partir da formalização de parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, o Hospital direciona seus esforços para a organização interna, mobilizando o corpo técnico, administrativo e operacional, que está consolidado em uma equipe de 20 profissionais. O espaço destinado ao estudo já está preparado no Centro de Pesquisa Clínica do complexo hospitalar, visando ao início das atividades. Serão recrutados para o teste 800 voluntários, que seguirão um protocolo rígido de seleção.  

​“Desenvolver uma vacina não é fácil, e desenvolver em tempo recorde é ainda mais desafiador. Esse é um dos maiores projetos em que nos envolvemos atualmente e estamos muito confiantes. O Instituto Butantan é uma instituição reconhecida e de muito prestígio pelo trabalho que desenvolve. Eles receberam vários projetos para serem testados e, se escolheram esse, é porque realmente confiam que os resultados serão promissores” avalia o Dr. Fabiano Ramos, infectologista do HSL. ​

*Esta matéria foi publicada originalmente na revista institucional Circular Provincial – edição de agosto de 2020.