02 de Outubro de 2020

Do planejamento à concepção do InsCer: um longo caminho

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Dr. Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer, conta sua trajetória de dedicação para a ciência

Um homem apaixonado pelo conhecimento. Assim poderíamos definir o Dr. Jaderson Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e vice-reitor da PUCRS. Como neurologista e neurocientista, e uma carreira de mais de 50 anos de pesquisas sobre o cérebro humano, ele tem orgulho de, nessa trajetória, ter acreditado que era possível desenvolver, junto com a Rede Marista, um instituto voltado para esse tipo de estudo: o InsCer.

Sua origem marista vem desde o Colégio Marista Rosário, no qual ele se orgulha muito de ter sido um estudante aplicado: “Meu pai foi aluno do Colégio Marista São Francisco, no Rio Grande, e insistiu que eu também estudasse em escola marista. Quando entrei no Rosário, ele fez algumas negociações para conseguir pagar a escola e sempre me disse que eu precisava me dedicar para não rodar. Eu levei aquilo tão a sério que cheguei a ser média dez em todas as disciplinas”, recorda Costa.

Terminado o ensino básico, iniciou o curso superior de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já nos primeiros anos de faculdade, descobriu a sua paixão pela neurologia: “Eu lembro de ficar encantado com as aulas de anatomia do cérebro. Ficava olhando para um quadro grande que tinha no laboratório e pensava: como isso pode funcionar tão bem?!”.

Com a conclusão do curso de medicina e especialização em neurologia, Jaderson começou seu trabalho como docente da PUCRS. Com o passar dos anos, seguiu estudando e realizou mestrado, doutorado e especializações, no Brasil e no exterior. Nos anos 2000, assumiu a direção do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS (IPB). Ele, que sempre foi um apaixonado pela pesquisa, tinha a oportunidade de se dedicar ainda mais para essa atividade e auxiliar outros profissionais a desenvolverem seus próprios estudos.

“O trabalho dentro do Instituto de Pesquisas Biomédicas começou a crescer tanto que já não tínhamos mais como atender. Nosso maior medo era frear o desenvolvimento de algum estudo por não ter uma estrutura adequada”, afirma Costa. O sonho de formar um instituto mais amplo e multidisciplinar começava a ser gestado nesse momento.

A criação do InsCer

A partir do desenvolvimento de muitos estudos no IPB, o desejo do Dr. Jaderson de criar um espaço voltado para a pesquisa do cérebro começava a se tornar cada vez mais real. Os desafios eram grandes: planejar uma estrutura adequada, arrecadar recursos e mobilizar a comunidade científica para esse projeto. Mesmo assim, ele seguiu firme no seu objetivo.

“Sempre acreditei muito nos maristas. Quando nos entregamos para um projeto tão robusto como o InsCer, precisamos ter a segurança de que a gestão irá nos dar o apoio e o respaldo necessários, e isso nunca faltou em toda a minha trajetória de trabalho”, afirma.

O Instituto foi desenvolvido em ciclos de oito anos. De 2004 a 2012, foi a fase do sonho e do planejamento: “Empenhamo-nos muito para concretizar o projeto. Foram várias articulações com órgãos governamentais para conseguirmos incentivos para as obras, reuniões com as lideranças da área acadêmica que apoiaram a nossa inciativa, aprovações de plantas, compras de equipamentos, entre outros”. Além disso, esse período também foi importante para realizar os treinamentos de equipes: “Buscamos os ‘cérebros’ e formamos as equipes que fazem parte da alma do InsCer”, explica o diretor.

A construção total dos nove mil metros quadrados planejados não pôde ser finalizada na primeira fase, entretanto ficou estabelecido que uma segunda fase de obras daria conta de desenvolver o projeto completo. A partir desse momento, inicia-se o segundo ciclo do InsCer: a realização do sonho.

A inauguração, no dia seis de junho de 2012, foi o marco inicial dessa trajetória. Jaderson relembra o quanto foi significativo lançar o empreendimento no dia em que celebramos o fundador do Instituto Marista: “Muitas autoridades participaram da inauguração do InsCer e eu lembro que, quando escolhemos a data, fizemos questão de dizer o quanto esse momento era significativo para nós enquanto maristas”.

Para ele, o sucesso do InsCer se dá pelas pessoas que se dedicam diariamente em fazer um trabalho de qualidade e acreditam na inovação como uma oportunidade de fazer a diferença para a sociedade: “O Instituto do Cérebro é um espaço multidisciplinar, onde cabem todos os saberes. Esse é o meu legado, motivar pesquisadores de diferentes áreas a trabalharem juntos em prol do ser humano”, avalia.

Uma nova fase em meio à pandemia

De 2012 até 2020, foram mais oito anos de trabalho e dedicação para obter os recursos necessários à construção da fase dois. A partir de 2020, começa um novo ciclo.

O que não se imaginava é que, durante a inauguração da etapa final do Instituto, o mundo estaria passando por uma pandemia. “Nunca passou pela minha cabeça que isso poderia estar acontecendo. Conversei muito com o Ir. Evilázio Teixeira e com o Ir. Inacio Etges sobre o momento que estamos vivendo e a importância que vai ter para a sociedade podermos entregar um trabalho com ainda mais qualidade, desenvolvido dentro dessa estrutura nova”, afirma. As obras da fase dois já estão sendo concluídas e foram pouco impactadas pela crise da Covid‑19. O planejamento seguiu sendo executado e a inauguração será realizada até o fim do ano. “Eu digo para os nossos pesquisadores e colaboradores que nós precisamos acreditar que tudo há de se concretizar no tempo certo. Quando eu planejava o InsCer, tinha desenhos, plantas e sonhos para mostrar às pessoas que iriam investir nesse sonho, hoje nós temos trabalho concreto, pesquisas, radiofármacos e entregas de excelente qualidade para toda a sociedade”, ressalta.

E é justamente dessa entrega de qualidade que Jaderson acredita que emergirá a valorização da ciência pós-pandemia: “A sociedade está conseguindo perceber o resultado da pesquisa na prática. De uma forma mais clara e objetiva, estamos mostrando o quanto o estudo, em todas as áreas, deve ser valorizado no Brasil, pois será através da ciência e da inovação que vamos chegar às soluções para combater o coronavírus”, avalia.

Fonte: Esta matéria saiu na edição de agosto de 2020 da Circular Provincial, da Rede Marista.