Artigo: Sintomas neuropsiquiátricos e ativação microglial em pacientes com doença de Alzheimer
O pesquisador-associado do InsCer, Cristiano Aguzzoli, liderou o estudo Neuropsychiatric symptoms and microglial activation in patients with Alzheimer Disease (Sintomas neuropsiquiátricos e ativação microglial em pacientes com doença de Alzheimer) que foi publicado na renomada revista Jama Network Open. A pesquisa, realizada na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, teve a supervisão do professor Tharick Ali Pascoal, e a participação dos pesquisadores-associados do InsCer: Dr. Eduardo Zimmer e Dr. Lucas Schilling.
“Estas descobertas têm implicações clínicas significativas, potencialmente abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos com alvo na ativação microglial destinados a reduzir a inflamação no sistema nervoso central. Tais tratamentos podem ser promissores no alívio dos sintomas neuropsiquiátricos exibidos por indivíduos que vivem com demência”, afirmou o pesquisador-associado, Cristiano Aguzzoli.
Resumo do Projeto:
Sintomas neuropsiquiátricos são comumente encontrados e altamente debilitantes em pacientes com doença de Alzheimer (DA). Compreender suas bases patológicas tem implicações na identificação de biomarcadores e tratamento para esses sintomas.
O objetivo deste estudo foi de avaliar se marcadores gliais de neuro inflamação estão associados aos sintomas neuropsiquiátricos em indivíduos no continuum da DA.
Este estudo transversal foi conduzido de janeiro a junho de 2023, utilizando dados da coorte TRIAD da Universidade McGill, no Canadá. A recrutamento foi baseado em encaminhamentos de indivíduos da comunidade ou de clínicas externas. Os critérios de exclusão incluíram abuso de substâncias ativas, cirurgia importante, trauma craniano recente, contraindicações de segurança para tomografia por emissão de pósitrons (PET) ou ressonância magnética, participação em outros estudos e ter condições sistêmicas inadequadamente tratadas.
Todos os indivíduos foram submetidos à avaliação dos sintomas neuropsiquiátricos (Questionário de Inventário Neuropsiquiátrico [NPI-Q]) e neuroimagem para ativação microglial ([11C]PBR28 PET), β-amiloide (βA, [18F]AZD4694 PET) e emaranhados fibrilares tau ([18F]MK6240 PET).
Dos 109 participantes, 72 (66%) eram mulheres e 37 (34%) eram homens; a idade média foi de 71,8 anos. 70 indivíduos não tinham comprometimento cognitivo e 39 tinham comprometimento cognitivo (25 com comprometimento cognitivo leve; 14 com demência por doença de Alzheimer). PET βA estava positivo em 21 indivíduos sem comprometimento cognitivo (30%) e em 31 indivíduos com comprometimento cognitivo (79%). A pontuação de gravidade do NPI-Q foi associada à ativação microglial nos córtices frontal, temporal e parietal (β = 7,37; IC 95%, 1,34-13,41; P = 0,01). O modelo estatístico leave-one-out revelou que a irritabilidade foi o domínio do NPI-Q mais intimamente associado à presença de ativação microglial cerebral (β = 6,86; IC 95%, 1,77-11,95; P = 0,008). Além disso, descobrimos que a irritabilidade associada à microglia estava relacionada ao estresse do cuidador medido pelo NPI-Q (β = 5,72; IC 95%, 0,33-11,10; P = 0,03).
Neste estudo transversal de 109 indivíduos presentes no continuum da DA, a ativação microglial está associada e é um potencial biomarcador dos sintomas neuropsiquiátricos na DA. Além disso, nossas descobertas sugerem que a combinação de terapias direcionadas a βA e microglia pode impactar no alívio desses sintomas.