Zika Team: diagnóstico e acompanhamento de microcefalia
O Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul – PUCRS lançou em dezembro de 2015 uma nova frente de pesquisa para uma epidemia que assusta o país: a do Zika Vírus, principal causador dos casos de microcefalia. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (referência 27/7/2016), desde o início das investigações foram reportados 8.703 casos suspeitos de microcefalia no Brasil, a maioria na Região Nordeste. Desse número, 1.749 casos foram confirmados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita em todas as unidades da federação.
Frente ao quadro grave que se alastra pelo território nacional, o diretor do Instituto, Prof. Dr. Jaderson Costa da Costa, chamou profissionais e pesquisadores das mais variadas frentes para a criação do Zika Team, ou “time Zika”. São integrantes o próprio diretor; o pediatra Humberto Fiori; a neuropediatra e pesquisadora do InsCer Prof. Dra. Magda Lahorgue Nunes; o ginecologista e obstetra Pedro Zanella; o pediatra infectologista Marcelo Scotta; a pesquisadora da área de biologia celular e molecular Prof. Dra. Célia Carlini; a neuropediatra Dra. Alessandra Pereira; o neuropediatra Felipe Kalil; o pesquisador do InsCer Dr. Daniel Marinowic e o neurorradiologista e pesquisador do instituto Ricardo Bernardi Soder.
Costa explica que o InsCer pode se tornar uma referência para estudos de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, a partir de uma equipe qualificada e de equipamentos de alta tecnologia, importantes em um momento de tantas incertezas em relação à doença. “O que temos hoje é um quadro de mulheres aterrorizadas, em pânico. É mais do que simplesmente um agente que você possa facilmente eliminar, é um problema grave de saúde pública”, destaca. Por essa necessidade, justifica o neurocientista, é que nasce o Zika Team, com a proposta de atuar em várias frentes. “A melhor maneira de combater uma epidemia como essa ou mesmo lidar com suas consequências é reunir pessoas da nossa Instituição com experiência em obstetrícia, medicina fetal e outras áreas, garantindo assim uma melhor e mais eficiente busca de soluções”.
Para o pediatra e infectologista Marcelo Scotta, o time especializado de enfrentamento ao vírus é uma excelente oportunidade de revelar alguns mistérios que permeiam o Zika e suas consequências, como a microcefalia. “Todos os dias recebemos uma série de perguntas sobre a doença, como se gestantes podem usar repelentes, se a mulher pode engravidar depois de contrair o vírus, etc. São perguntas que buscamos responder aos poucos, é tudo muito essay writing service recente”. Segundo o especialista, uma das grandes questões está ligada à diferenciação de casos congênitos de microcefalia (intrauterinos) ou perinatais (quando o contágio se daria logo ao nascer). “São casos diferentes que precisamos estudar a fundo, até para esclarecer boatos sobre a doença”.
O obstetra Pedro Zanella acrescenta que a recente epidemia pode ainda mudar protocolos de ecografias durante a gravidez. “Hoje temos exames que poderão ser acrescentados no calendário pré-natal, exigindo de rotina ecografias com 20 semanas e após trinta e duas semanas de gestação mesmo no baixo risco para um acompanhamento mais eficiente”. O grupo afirma ainda que é necessário identificar subtipos do Zika Vírus, para esclarecer se um tipo de vacina daria conta de imunizar toda a população ou se seriam necessários outros desenvolvimentos. Levanta-se ainda a hipótese de exames de secreção vaginal em mulheres, já que foram reportados casos de infecção do Zika por relações sexuais.
Fique sabendo: como é determinado o perímetro encefálico que caracteriza a microcefalia?
A medida da circunferência da cabeça ou perímetro cefálico é obtido com uma fita métrica não-elástica e flexível. A circunferência da cabeça é medida colocando-se a fita métrica sobre a região mais proeminente na parte de trás da cabeça (occipital) e logo acima das sobrancelhas (frontal). O neurocientista e diretor do InsCer indica que se desloque a fita para cima e para baixo até obter a maior circunferência da cabeça. Recentemente, o Ministério da Saúde determinou que se enquadram nos casos de microcefalia crianças que possuam essa circunferência igual ou inferior a 32 cm.
Confira outras informações que Ministério da Saúde já possui sobre a doença*:
O que é o Zika Vírus?
O Zika Vírus (ZIKAV) possui duas linhagens do vírus: uma Africana e outra Asiática. O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores como o Aedes Aegypti. A febre por vírus Zika é descrita como uma doença febril aguda com duração de 3-7 dias, geralmente sem complicações graves e não há registro de mortes. A taxa de hospitalização é potencialmente baixa. Os principais sintomas são febre intermitente, dor de cabeça, dor de garganta, tosse e erupções cutâneas.
Como é transmitido?
O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores. No entanto, está descrito na literatura científica, a ocorrência de transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal e sexual, além da possibilidade de transmissão transfusional.
Qual o prognóstico?
Em suma, vem sendo considerada uma doença benigna, na qual nenhuma morte foi relatada e autolimitada, com os sinais e sintomas durando, em geral, de 3 a 7 dias. Não vêm sendo descritas formas crônicas da doença. Não há vacina ou tratamento específicos até o momento.
Como posso fazer a prevenção em casa?
Deve-se reduzir a densidade vetorial do mosquito Aedes Aegypti, por meio da eliminação da possibilidade de contato entre mosquitos e água armazenada em qualquer tipo de depósito, impedindo o acesso das fêmeas grávidas por intermédio do uso de telas/capas ou mantendo-se os reservatórios ou qualquer local que possa acumular água, totalmente cobertos. Em caso de alerta ou de elevado risco de transmissão, a proteção individual por meio do uso de repelentes deve ser implementada pelos habitantes. Individualmente, pode-se utilizar roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia quando os mosquitos são mais ativos podem proporcionar alguma proteção contra as picadas dos mosquitos e podem ser adotadas principalmente durante surtos, além do uso repelentes na pele exposta ou nas roupas.
Como denunciar os focos do mosquito?
As ações de controle são semelhantes aos da dengue, portanto voltadas principalmente na esfera municipal. Quando o foco do mosquito é detectado, e não pode ser eliminado pelos moradores de um determinado local, a Secretaria Municipal de Saúde deve ser acionada.
O que fazer se estiver com os sintomas de febre por Vírus Zika?
Procurar o serviço de saúde mais próximo para receber orientações.