16 de Outubro de 2024

MicroRNA: tema do Nobel de Medicina é foco de estudos no InsCer

O Nobel de Medicina deste ano reconheceu o impacto do microRNA na regulação genética e na saúde das pessoas. No Instituto do Cérebro, essa área de estudo já vem sendo investigada de forma avançada. O diretor do InsCer, Jaderson Costa da Costa, e a coordenadora dos Laboratórios de Nanomedicina e Neurociências, Gabriela Zanirati, recentemente orientaram a médica e pesquisadora Fernanda Bruzzo em sua tese de doutorado, que abordou o tema do miRNA. 
 
Na entrevista abaixo, Gabriele e Fernanda compartilham recentes avanços do microRNA na área da saúde. Confira!
 
O Nobel de Medicina deste ano foi concedido a uma pesquisa sobre microRNA. Recentemente, você defendeu sua tese de doutorado sobre este mesmo tema. Quais avanços podemos apontar nesta área? 

Os miRNAs são moléculas muito pequenas capazes de regular a forma que vamos expressar nossos genes, influenciando então na maneira como realizamos processos básicos de manutenção da saúde do corpo. Em situações normais, são responsáveis por ajudar a manter esse equilíbrio; porém quando desregulados (em maior ou menor quantidade), a depender do alvo avaliado, podem ser tanto fator de risco, propiciando o aparecimento de doenças, como protetores, evitando o adoecimento. Por isso, nos últimos anos, diferentes miRNAs foram estudados como biomarcadores, permitindo diagnóstico e tratamento em fases iniciais de diferentes patologias, incluindo as neurológicas, mas também como opção terapêutica, possibilitando tratar doenças com difícil manejo farmacológico.  
 
De que forma o microRNA pode trazer novas respostas na área da saúde? 
 
Os miRNAs atuam como "interruptores" ou "reguladores" dentro das células, influenciando quais genes são ativados ou desativados. Com isso, os miRNAs estão sendo explorados como uma ferramenta biológica muito versátil, como por exemplo: podem ser usados como biomarcadores para diagnosticar doenças, para prever a progressão de patologias, e para acompanhar respostas a tratamentos específicos. Além disso, os miRNAs podem abrir caminho para novos tratamentos, assim como, podem ser usados para regular a expressão de genes em terapias genéticas. Em resumo, os miRNAs representam uma área com alto potencial na pesquisa biomédica, dentro da medicina de precisão, promovendo novas abordagens para entender e tratar uma ampla gama de doenças. 
 
Como você avalia a posição do InsCer em pesquisas relacionadas ao microRNA? 

No InsCer, contamos com o Laboratório de Nanomedicina e o Laboratório de Medicina de Precisão, contendo as tecnologias necessárias para realizar pesquisas com miRNAs. Foi onde pude realizar os experimentos da minha tese, avaliando a influência de miRNAS específicos, nas apresentações clínicas de uma variante patogênica em um dos genes mais estudado na epilepsia, o gene SCN1A. No InsCer, contamos com uma infraestrutura altamente equipada e pessoal qualificado para execução desse e de outros estudos com miRNAs, que estão em andamento. Assim, nosso próximo passo, dentro deste estudo, é ampliar a pesquisa para Encefalopatias Epilépticas do Desenvolvimento, que são epilepsias graves, com início precoce, com comprometimento motor e cognitivo e ainda sem boas opções terapêuticas. 
 
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Gabriele Zanirati - bióloga, mestre e doutora em Medicina e Ciências da Saúde com ênfase em Neurociências pela PUCRS. Desenvolveu parte de seu doutorado no Institute for Regenerative Medicine da Texas A&M University (EUA), e em seguida realizou seu pós-doutorado em Neurociências. Atualmente, é pesquisadora e coordenadora dos Laboratórios de Nanomedicina e Neurociências do InsCer. 
 
Fernanda Bruzzo - médica graduada pela PUCRS, foi bolsista de iniciação científica do InsCer, participando de projetos em pesquisa básica e em pesquisas clínicas. Recentemente, apresentou sua tese “Avaliação de miRNAs de vesículas extracelulares como biomarcadores para indivíduos portadores de mutação do gene SCN1A e diferentes fenótipos” sob orientação de Jaderson Costa da Costa e Gabriele Zanirati.