Identificação dos mecanismos de funcionamento cerebral em dependentes de cocaína/crack
Coordenação: Pedro Eugênio Ferreira, PhD
Integrantes: Breno Sanvicente Vieira, Me.; Alexandre Rosa Franco, PhD; Rodrigo Grassi-Oliveira, PhD
O estudo que envolve 60 usuários internados em fazendas de reabilitação com dependência grave, distúrbios de comportamento, baixa aderência e outros problemas inerentes à doença. Os pesquisadores possuem o seguinte problema de pesquisa: o comportamento alterado já era inerente ao dependente químico antes de ele ser usuário de drogas ou é decorrente de alguma lesão em regiões do cérebro provocada pelo abuso dessa substância?
Uma parte do estudo é o levantamento do perfil sociodemográfico, com a identificação de doenças psiquiátricas associadas e distúrbios comportamentais. A segunda etapa consiste na investigação, através de neuroimagem de ressonância magnética funcional (fMRI), de quais são as regiões ou as conexões cerebrais que podem estar alteradas nesses casos. Também está sendo aplicada a chamada Teoria da Mente, que mede a capacidade do indivíduo de perceber que o outro possa ter um comportamento, um pensamento ou uma ideia diferente da dele. “Isso pode estar na capacidade do drogado de se reabilitar, imaginando que o seu terapeuta e sua família possa estar discordando dele e pode criar novas habilidades sociais, incluindo se manter livre de drogas após o tratamento”, ressalta Ferreira.
Ao longo do estudo, as imagens obtidas através das ressonâncias magnéticas dos dependentes de drogas vão ser comparadas com imagens e questionários aplicados a controles saudáveis, ou seja, pessoas que não consomem drogas e que possuem comportamento social mais ou menos adequado. Usuários de drogas e controles foram equiparados em gênero, idade, escolaridade e condição socioeconômica. Estes controles são importantes para a avaliação de que as alterações provavelmente são decorrentes do uso de cocaína/crack.
Entendendo melhor o que está ocorrendo no cérebro e no psiquismo desses pacientes, os pesquisadores pretendem mudar a compreensão da doença e, principalmente, sugerir novas abordagens nas fazendas para dependentes químicos. “Além disso, é preciso publicar os artigos para a difusão dos resultados, propondo que outros profissionais da área tenham uma nova postura frente a estes dependentes de drogas e talvez os resultados sejam mais alentadores do que estão sendo até agora”, ressalta o coordenador.
Segundo o último levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), o Brasil representa 20% do consumo mundial de crack e cocaína.