25 de Março de 2024

Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia

Saiba mais sobre a doença

Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados em 2022, a epilepsia acomete em torno de 2% da população brasileira e cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. A doença tem diversos sintomas e causas e, para entender melhor, convidamos os pesquisadores especialistas do InsCer para um bate-papo sobre o tema. Confira abaixo:  

Dados gerais sobre a doença  

Segundo Gabriele Zanirati, pesquisadora do InsCer especializada na área de neurociências, a epilepsia é uma doença que pode atingir pessoas em todas as idades, desde recém-nascidos até idosos. “A epilepsia pode afetar indivíduos de qualquer faixa etária. Enquanto algumas síndromes epilépticas especificas são mais comuns na infância, outras formas podem surgir mais tarde na idade adulta, e podem ser associadas a diferentes etiologias como estrutural, infecciosa, metabólica, entre outras", informa a pesquisadora.  

A doença é caracterizada por atividades elétricas excessivas que ocorrem em diversas partes do cérebro: “Elas podem ser generalizadas, afetando ambos os hemisférios cerebrais, ou focais, originando-se em uma área específica”, explica Gabriele. Os sintomas ou sinais irão variar de acordo com a localização dos neurônios afetados. “Os efeitos dessas descargas variam significativamente, desde alterações sutis nas sensações, humor ou função motora até crises graves, com perda de consciência e queda, além de outros sintomas neurológicos e comorbidades associadas”, completa a pesquisadora.    

As causas da epilepsia também são variadas, desde traumatismos cranianos, causados por fortes pancadas na cabeça, doenças infecciosas e tumores, como também pode ser causada por fatores genéticos. Em muitos casos, contudo, a origem exata da doença pode ser desconhecida.  

Por sua alta incidência no mundo, existem diversos medicamentos disponíveis para o controle das crises, mas o acompanhamento com um médico neurologista é fundamental para a prescrição e dosagem corretas. O tratamento convencional medicamentoso é eficaz em cerca de 70% dos casos. “Cada paciente pode responder de maneira diferente aos medicamentos, e pode ser necessário um período de ajustes e testes para encontrar a medicação ou combinação de medicamentos mais eficaz para cada indivíduo”, relata Gabriele.  

Pesquisa  

Há mais de 20 anos, o diretor do Instituto do Cérebro da PUCRS (InsCer), Jaderson da Costa, dedica-se ao estudo da epilepsia, avaliando terapias avançadas, como a eficácia da terapia celular no tratamento da epilepsia refratária (como são denominados os casos em que o tratamento medicamentoso já não surte mais efeito nos pacientes). Esta pesquisa, que iniciou na bancada dos laboratórios, em sua fase pré-clínica, evoluiu até gerar dois estudos clínicos (ou seja, em seres humanos), que demonstraram resultados promissores. “Estamos atualmente aperfeiçoando essa terapia, utilizando microvesículas que oferecem vantagens como maior potencial de reparação e de disponibilidade”, informa Jaderson. 

"É importante que o paciente que sofre com epilepsia saiba que não está sozinho. Aproximadamente 2% da população brasileira sofre com a doença, e isso é um número significativo. A epilepsia não limita atividade mental e não deve limitar atividades de estudo e trabalho. Ela não é transmissível e, como qualquer outra doença, necessita de um tratamento contínuo. Mas isso não diminui uma pessoa por ter essa patologia”, completa o diretor do Instituto do Cérebro. 

FONTE: Ministério da Saúde