Dia Mundial de Conscientização da doença de Parkinson
A doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa que acomete cerca de 200 mil pessoas no Brasil, e 1% da população mundial acima dos 65 anos. É a segunda de maior incidência deste tipo, logo após a doença de Alzheimer.
A sua origem está na deterioração das células localizadas em uma área do cérebro chamada de substância nigra. Esse é o local onde é produzida a dopamina, um neurotransmissor excitatório que modula a atividade motora do corpo. A falta ou diminuição desta substância afeta diretamente os movimentos das pessoas, que ficam mais lentos, além de causar rigidez e tremores nos músculos quando em repouso (principal sintoma associado à patologia). Outros sintomas da doença são declínio da cognição, qualidade de sono, dores e problemas de fala.
Por se tratar de uma doença neurodegenerativa que ainda não tem cura, os sintomas do Parkinson tendem a piorar com o passar dos anos, mas alguns tratamentos podem oferecer mais conforto ao paciente, como uso de medicamentos, cirurgia e reabilitação através de fisioterapia. Alguns exemplos de tratamentos fisioterapêuticos que demonstram maiores resultados em pacientes com Parkinson são treinos de força, hidroterapia e treino de marcha e equilíbrio.
Para saber um pouco mais sobre sintomas e tratamentos da doença, convidamos Cristiano Aguzzoli, médico neurologista e pesquisador associado ao InsCer para responder algumas perguntas.
Como podemos identificar os primeiros sinais da doença?
Os primeiros sintomas da doença de Parkinson iniciam antes mesmo dos tremores. Essas manifestações incluem dificuldade para identificar ou diferenciar cheiros (anosmia), alterações de humor (como depressão) e do sono (distúrbio comportamental do sono REM), além de constipação.
Quando evoluem para as alterações motoras, os sintomas incluem movimentos lentificados (bradicinesia), rigidez dos membros, dificuldade para caminhar, e também os tremores, que são caracterizados principalmente por iniciarem quando o paciente está em repouso (quando está sentado, por exemplo).
A doença de Parkinson tem predisposição genética?
A maioria dos casos de doença de Parkinson é esporádica, ou seja, está relacionada a distintos fatores de risco para a doença. Por outro lado, fatores genéticos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de parkinsonismo familiar.
Nesses casos, os sintomas geralmente iniciam antes dos 50 anos de idade, e outros membros da família têm maior predisposição para desenvolver a doença.
Existe algum tratamento que diminua os sintomas da doença?
Ainda não há tratamento curativo para a doença de Parkinson, mas existem estudos clínicos que avaliam potenciais medicações que no futuro podem modificar o curso natural da doença. As medicações utilizadas na prática clínica atualmente, em sua maioria, têm como propósito o aumento da atividade da dopamina no sistema nervoso central, visando a melhora dos sintomas motores como rigidez e tremor.
O manejo da doença também inclui o tratamento das complicações motoras tardias, como discinesias e flutuações motoras, além do tratamento dos sintomas não-motores, como fadiga, apatia, depressão, déficit cognitivo, e psicose, dentre outros. Nesse sentido, é fundamental contar com uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde para o acompanhamento dos pacientes a longo prazo.
Para pacientes selecionados que não apresentam demência na doença de Parkinson, pode-se ainda avaliar a possibilidade de tratamento cirúrgico com o deep brain stimulator (DBS). Mas é necessária uma avaliação criteriosa do neurologista que acompanha o caso clínico do paciente
Além do paciente, sabemos que os familiares e acompanhantes precisam se adaptar à nova realidade. Nessas situações, como podemos ajudar alguém com a doença?
Além do paciente, é importante reconhecer que os familiares e acompanhantes também enfrentam desafios significativos para se adaptar à nova realidade de conviver com a doença de Parkinson. Familiares e amigos podem ajudar o paciente com a doença auxiliando nas atividades diárias, como tarefas domésticas, preparação de refeições e higiene pessoal, podendo proporcionar um senso de independência e maior qualidade de vida.
Além disso, é muito importante o estímulo à atividade física e a fisioterapia, encorajando a prática regular de exercícios adaptados às necessidades e limitações da pessoa com Parkinson. Isso pode ajudar a manter a mobilidade, a flexibilidade e a qualidade de vida.
Por último, é importante oferecer apoio emocional e incentivar a participação em grupos de apoio ou terapia pode ajudar a lidar com os desafios emocionais e psicológicos associados à doença.