Como a medicina nuclear pode atuar no manejo do câncer
Nesta sexta-feira (4), é lembrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, data criada no ano 2000 pela União Internacional para Controle do Câncer (UICC) com o objetivo de chamar a atenção para os altos números da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, o câncer matou cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e, em 2040, as mortes devem superar os 16,3 milhões. Para marcar a data, o Instituto do Cérebro (InsCer) do Rio Grande do Sul traz informações sobre uma importante aliada nessa batalha: a medicina nuclear.
Embora a especialidade tenha dado seus primeiros passos no Brasil na década de 1940, o órgão representativo da área foi fundado em 1961, a Sociedade Brasileira de Biologia e Medicina Nuclear, hoje, chamada de Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear. Desde então, esse ramo vem crescendo e avançando em todo país.
Atualmente, pode-se lançar mão da medicina nuclear para quatro procedimentos no manejo do câncer: cirurgia radioguiada, cintilografia, PET- CT e terapia, elenca a médica Cristina Matushita, responsável técnica da Medicina Nuclear do InsCer e diretora científica da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear. Todos eles são seguros e eficazes, garante a especialista:
“Expomos o paciente pouco à radiação. Apesar de injetá-lo com radiofármaco, essa substância é eliminada pelas fezes e pela urina. Além disso, alguns radiofármacos têm meia curta, ou seja, a cada determinado número de horas sua atividade vai estar reduzida pela metade”.
Saiba mais:
Cirurgia radioguiada: procedimento no qual o paciente é injetado com material radioativo que guia o cirurgião até as lesões que precisam ser removidas.
“Injetamos o material radioativo no paciente e o cirurgião, com a ajuda de um aparelho, consegue detectar a radiação intraoperatória. Assim, se ajuda a guiar o médico a remover aquela lesão necessária”, explica Cristina.
Cintilografia: pode ter várias indicações, entre elas, para estadiar, reestadiar e acompanhar o tratamento de câncer.
"Na cintilografia óssea, por exemplo, pesquisamos onde há lesão osteoblástica. Pontos com maior atividade óssea, indicam que há lesão. Então, por meio da injeção de um material específico das células dos ossos, conseguimos fazer um mapeamento de corpo inteiro, de todos os ossos. Assim, conseguimos identificar regiões com maior atividade que, possivelmente, são áreas com metástase óssea do câncer do paciente".
PET-CT: considerado o melhor instrumento na análise do câncer que faz imagens moleculares associadas à tomografia computadorizada. Além de uma análise funcional, ele proporciona uma avaliação morfológica. Geralmente, é feito com o radiofármaco chamado 18F-FDG, que marca o local onde há maior atividade das células e, portanto, provavelmente tem um processo neoplásico.
O Centro de Produção de Radiofármacos do InsCer fabrica e distribui o 18F-FDG para todo o Estado e para parte de Santa Catarina, e alguns municípios paranaenses.
Terapia: outra frente de atuação da medicina nuclear no manejo do câncer é na terapia, como ocorre, por exemplo, no tratamento dos tumores de tireoide. Para essa doença, é usado o iodo radioativo, diz Cristina.
“Está chegando no país o PSMA marcado com Lutécio, que o que tem de moderno hoje para tratamento do câncer de próstata, normalmente aqueles que já fizeram outros tipos de tratamento que não funcionaram ou então que a doença voltou”, destaca a médica.