Artigo sobre memórias de medo é publicado em revista internacional
Projeto de pesquisa realizado pelo Centro de Memória do Instituto do Cérebro do RS constata que a presença de um familiar após uma memória traumática ameniza os efeitos de medo, podendo, portanto, auxiliar na extinção de uma memória aversiva. A pesquisa acaba de ser publicada na revista internacional Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos.
A autora, Clarissa Penha Farias, é doutoranda da profa. Jociane de Carvalho Myskiw, no curso de Gerontologia Biomédica, na Escola de Medicina da PUCRS. De acordo com ela, diversos estudos em todo o mundo indicam a participação de diferentes regiões cerebrais na consolidação da memória de extinção, como o córtex pré-frontal, a região CA1 do hipocampo e a amigdala basolateral.
Porém, os achados do grupo sugerem que a consolidação da extinção com a presença do suporte social (um familiar, um amigo) depende do córtex pré-frontal, e não da região CA1 do hipocampo. “Observamos que os mecanismos celulares e as estruturas cerebrais envolvidas na extinção com a ajuda de um familiar diferem de mecanismos já conhecidos na extinção realizada sem um familiar”, afirma Clarissa. Ela explica que a extinção de uma memória de medo não consiste em apagá-la, mas, sim, de associá-la a uma nova lembrança.
Esses resultados indicam que a presença de um familiar (denominado de co-específico) na terapia de exposição pode auxiliar no tratamento de fobias, ansiedades, estresse pós-traumático, entre outras. “Sabe-se que a percepção da falta de suporte social pode ser um agravante nos sintomas de fobias severas como TEPT, assim, nosso estudo sugere que a presença de um familiar na terapia de exposição pode auxiliar no tratamento de fobias, ansiedade e TEPT”, refere Clarissa.
Segue o link do artigo: https://www.pnas.org/content/116/5/1765.abstract