"Antes da introdução das drogas na sociedade, já existia a pobreza, os crimes e a violência”, diz Carl Hart, palestrante do Fronteiras do Pensamento
Evento ocorreu na noite de segunda-feira, no Salão de Atos da PUCRS
Professor dos departamentos de Psicologia e de Psiquiatria da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, o psicólogo Carl Hart foi o palestrante da noite de segunda-feira (22) do Fronteiras do Pensamento, que ocorreu no Salão de Atos da PUCRS, com mediação do pesquisador do InsCer Thiago Viola.
Conhecido por suas pesquisas com humanos e animais sobre os efeitos de substâncias psicoativas, como crack e cocaína, Hart é referência mundial nessa área. Ele defende que algumas questões sociais não são consequência das drogas.
“Olhe para a história (do Brasil). Muito antes da introdução das drogas na sociedade, já existia pobreza, crimes e violência”, disse, antes do evento.
"O Brasil sempre teve taxas de desemprego altas antes da chegada do crack. Acho que há evidências para dizer que as drogas não são a causa. É outra coisa”, completou.
Hart argumenta que, quando são ofertadas alternativas, as pessoas não escolhem as drogas. Nesse contexto, uma das opções sugeridas por ele é a oferta de emprego à população. No entanto, o cenário brasileiro ainda não é favorável. Uma pesquisa divulgada na manhã ontem pelo portal G1 revelou que o Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego do mundo, atingindo 13,7 milhões de pessoas.
"Quando você diz que o país é o quarto com a maior taxa de desemprego, isso já diz o que você deve fazer: ter certeza que as pessoas têm emprego, produzem um salário mínimo, então, elas podem cuidar da família. Se conseguir fazer isso, você não terá esses principais problemas da sociedade (pobreza, violência, crimes)”, destacou Hart.
A apresentação de Hart contou com a mediação do psicólogo Thiago Viola, que estuda, no InsCer, populações de usuários de crack e cocaína, avaliando vários aspectos, como, por exemplo, fatores sociais e trajetória de vida. Além do ambiente, Viola pesquisa as questões biológicas dessas pessoas, analisando biomarcadores de quem tem problemas com drogas.
“O Carl é um pesquisador referência mundial, e acho que a mensagem que ele quer passar sobre as drogas psicoativas e os usuários é importante, totalmente oposta à visão tradicional”, avaliou Viola.
O evento ocorreu presencialmente na segunda em Porto Alegre, e acontece, na quarta-feira (24), em São Paulo.