Alzheimer´s Team
Pesquisador líder: Jaderson Costa da Costa, MD, PhD;
Demais integrantes: Alexandre Rosa Franco, PhD; Ana Maria Marques da Silva, PhD; Celia Ribeiro da Silva Carlini, PhD; Cristina M. Moriguchi Jeckel, PhD; Cristina Sebastião Matushita, MD, MSc; Daniel Marinowic, PhD; Diogo Ribeiro Demartini, PhD; Eduardo Zimmer, PhD; Eliete Biasotto Hauser, PhD; Evandro Manica, PhD; Graciane Radaelli, MSc; Leonardo Pisani; Louise Mross Hartmann, MSc; Lucas Schilling, MD, MSc; Michele Alberton Andrade, MSc; Mirna Wetters Portuguez, PhD; Ricardo Bernardi Soder, MD, PhD; Samuel Greggio, PhD; Silas Reznicek; Wyllians Vendramini Borelli; e Zaquer Costa-Ferro, PhD.
Instigado pelos mistérios e pela crescente importância da Doença de Alzheimer no Brasil e no mundo, o Instituto do Cérebro conta com um grupo especializado em neurodegeneração cerebral: o Alzheimer’s Team. O grupo é liderado pelo Prof. Dr. Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer, e reúne-se a cada 2 semanas com foco no estudo da Doença de Alzheimer através de projetos de pesquisa clínico e pré-clínico. Um grande diferencial do grupo é o trabalho em equipe interdisciplinar, envolvendo estudantes de pós-graduação, físicos, químicos, farmacêuticos, bioquímicos, matemáticos, biólogos, neuropsicólogos e médicos. Nas reuniões são abordados tópicos relevantes para a pesquisa em novos biomarcadores da doença, através de neuroimagem estrutural (Ressonância magnética) e funcional, além do desenvolvimento de radiofármacos que auxiliam o diagnóstico dessa patologia, como o PET-CT associado ao PIB-C11 e FDG.
Entendendo o PIB-C11
A medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza a injeção de material radioativo na veia de um paciente para estudar o funcionamento de um determinado órgão. Esse material é chamado de radionuclídeo. Para que esse radionuclídeo alcance o órgão almejado para estudo, necessita de um fármaco que imite uma substância fisiológica do nosso organismo e leve esse radionuclídeo para o órgão. A junção desse fármaco com o radionuclídeo é chamado de radiofármaco. O PIB-C11 (Pittsburg Compound B, marcado com carbono 11) é um radiofármaco que marca as placas beta-amiloides que se concentram em algumas partes do encéfalo (na região temporo-parietal associativa e cíngulo posterior) em pacientes com Alzheimer. A dificuldade com os radiofármacos que utilizam o carbono 11 é a sua duração, isso é, a meia-vida. Assim, o carbono 11 perde atividade (decaimento) em 20 minutos. Portanto, há a necessidade que sua produção no cíclotron esteja muito próxima da sua aplicação (utilização no paciente).
Importante: o que se sabe é que em pacientes que tenham o MCI (Mild Cognitive Impairment, ou seja, déficit cognitivo mínimo) ocorrem alterações cognitivas sutis, sem impacto significativo na realização nas atividades de vida diárias e na fase pré-clínica não apresenta qualquer sintoma, mas é possível documentar através de biomarcadores alterações patológicas que evidenciem o processo fisiopatológico da doença de Alzheimer e precedem os primeiros sintomas como o acúmulo das placas beta-amiloides no cérebro.
Sabe-se que um precursor importante na doença de Alzheimer é a deposição de um derivado da proteína beta-amiloide, que gera essas placas no cérebro. Atualmente, o método de referência que se tem para comprovar a deposição amiloide-cerebral é o exame através da Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) em associação como radiofármaco PIB-C11 que se liga especificamente nas placas amiloides. O que se pretende no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul é a realização de exame de Ressonância Magnética morfológica e funcional associado ao exame de PET-FDG neurológico e PET-PIB. O PET-FDG marcado com flúor 18 permite avaliar o metabolismo das diversas áreas do cérebro e o PET-PIB avalia o depósito da substância beta-amiloide.
A diminuição da captação do FDG nas áreas mencionadas (região temporo-parietal associativa e cíngulo posterior), através dos exames de PET-FDG, por exemplo, já é um padrão de diagnóstico estabelecido na doença de Alzheimer. Com o PIB, que deverá ser produzido no Centro de Produção de Radiofármacos do próprio InsCer, é um marcador específico das placas beta-amiloides sabe-se de sua retenção nas áreas de concentração de tais placas no cérebro, ajudando assim em conjunto com o PET-FDG um diagnóstico de Alzheimer.
UC-Irvine e InsCer-PUCRS
Em 2015, o InsCer promoveu a Escola de Altos Estudos, um evento que, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação de Apoio à Pesquisa no Rio Grande do Sul (FAPERGS) contou com a participação do renomado neurocientista Howard Federoff, MD, PhD, da UC-Irvine (EUA). Com sua equipe e com Michael Nalls, PhD, cientista do National Institutes of Health, Federoff abordou tópicos em neurociências para alunos e profissionais que atuam não só no Instituto como em outras universidades gaúchas. Os pesquisadores internacionais desenvolvem suas pesquisas com biomarcadores encontrados em testes de sangue. O grupo de Irvine (ex-Georgetown University) identificou no sangue periférico biomarcadores (fosfolipídios) que predizem a conversão de um indivíduo com déficit cognitivo mínimo para doença de Alzheimer em 2 a 3 anos.
Esse painel de biomarcadores foi ampliado com maior acurácia em 2015. Mais recentemente, o grupo conseguiu identificar em extratos de exosomas (pequenas vesículas inseridas no terminal do nervo) derivados do cérebro mas obtidos no sangue periférico de indivíduos normais e de pacientes com doença de Alzheimer biomarcadores que antecipam diagnóstico da doença de Alzheimer em até dez anos. Em mais um acordo de cooperação internacional, o uso de biomarcadores oriundo do time UC-Irvine e do PET-PIB pelo InsCer-PUCRS eleva a pesquisa da doença de Alzheimer a um novo patamar de importância, pois permite a detecção de estágios assintomáticos da doença (diagnóstico precoce da doença de Alzheimer).
Foto: Bruno Todeschini/Arquivo Fotográfico/ASCOM/PUCRS