31 de Outubro de 2020

Alunos de Iniciação Científica ganham prêmio nacional com pesquisas feitas no InsCer

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Lucca Tondo (esq.) e Francisco Lumertz

Os acadêmicos de iniciação científica Francisco Lumertz e Lucca Pizzato Tondo foram dois dos sete premiados com o Prêmio Jovem Neurocientista Raymundo Francisco Bernardes, da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNEC), a mais importante sociedade científica da área do país. A categoria seleciona alunos de graduação com trabalhos que versam temas de Neurociências e Comportamento. Os estudantes da PUCRS são também vinculados ao Instituto do Cérebro do RS (InsCer) e foram orientados pelo professor da Escola de Medicina da PUCRS e pesquisador do InsCer, Rodrigo Grassi.

O estudo Early environmental enrichment rescues memory impairments provoked by mild neonatal hypoxia-ischemia in adolescent mice, de autoria do estudante do 10˚ semestre de psicologia da PUCRS Francisco Lumertz, investigou, por meio de experimentos pré-clínicos, se animais que passaram por hipóxia-isquêmia leve na infância e depois, na adolescência, passassem por um protocolo de enriquecimento ambiental, conseguiriam recuperar os danos que a hipóxia causou na memória. A hipóxia-isquêmia neonatal (falta de oxigenação no cérebro) é responsável por uma parte significativa dos casos de paralisia cerebral em recém-nascidos, e o teste feito pelo acadêmico foi ver se o enriquecimento ambiental que é, basicamente, ferramentas à disposição do animal para que ele possa explorar o ambiente, seria capaz de recuperar perdas do volume do hipocampo. “Nós observamos que os animais que passaram pela hipóxia-isquêmia e depois pelo enriquecimento ambiental conseguiram resgatar os prejuízos de memória causados pela hipóxia-isquêmia”, avalia Lumertz.

O acadêmico conta que conquistar o prêmio foi algo inesperado e reforçou a sua vontade de seguir na área de pesquisa, principalmente por ser aluno de iniciação científica. “O resultado é reflexo da orientação e apoio que o professor Rodrigo e o grupo todo me deram ao longo da graduação”, considera.

A outra pesquisa premiada foi a Diffusion Neuroimaging Evidence for White Matter Impairment in Cocaine Use Disorder, do aluno de 8˚ semestre de Medicina Lucca Pizzato Tondo. O trabalho é parte de um estudo maior, realizado pelo grupo de pesquisa Neurociência Cognitiva do Desenvolvimento (DCNL), o qual Rodrigo Grassi é o coordenador. O estudo do acadêmico considerou um assunto específico dentro da área de neuroimagem, levando em conta o comprometimento da substância branca por usuários de cocaína. A substância branca é a parte do cérebro responsável por conectar todas as regiões cerebrais. O estudante explica que os usuários participantes da pesquisa fizeram o exame de ressonância magnética no InsCer e, a partir dele, se fez uma sequência específica que permite avaliar como está a integridade dessa substância branca. Entre os resultados encontrados, foi relatado que os usuários de crack possuem um comprometimento difuso de todos os principais tratos de substâncias brancas no cérebro.

“Foi um baita privilégio apresentar esses dados na frente de grandes neurocientistas brasileiros”, contou Tondo, que viu como uma grande oportunidade mostrar o trabalho em um evento científico de tamanha relevância no país. O acadêmico também se mostrou surpreso e muito feliz por ter sido agraciado com o prêmio, principalmente por ser um estudo que está em desenvolvimento desde 2018. “Fiquei muito feliz de ver esse trabalho de dois anos sendo recompensado, ainda mais como estudante de iniciação científica. Eu tenho muito interesse na área de neurociência e na carreira científica e acadêmica, então foi um superestímulo”, concluiu Tondo.