Terapia com células-tronco tem potencial terapêutico para COVID-19, mostra trabalho coordenado por pesquisadores do InsCer
As terapias com uso de células-tronco demonstram ser seguras e eficazes no tratamento para casos graves de COVID-19, revelou uma revisão sistemática feita por pesquisadores do Instituto do Cérebro (InsCer). O trabalho foi publicado na última semana na revista científica npj Regenerative Medicine, um periódico da Nature.
Por terem características imunomoduladoras e anti-inflamatórias, as células-tronco exercem um papel importante na regeneração de diversos tecidos e órgãos afetados por uma determinada doença ou infecção. Esses aspectos são especialmente importantes na COVID-19, pois ocorre uma desregulação do sistema imunológico e uma ativação exagerada de citocinas inflamatórias, levando, principalmente, a uma extensa lesão no tecido pulmonar.
"Foi visto que a terapia celular, principalmente envolvendo as células-tronco da medula óssea (CTM), apresenta um potencial terapêutico no tratamento de pacientes com COVID-19 e síndrome do desconforto respiratório agudo (ARDS). Os estudos analisados relataram melhora significativa em três principais parâmetros nos pacientes que receberam a terapia com as células: redução da lesão pulmonar, melhora do sistema imunológico e diminuição da tempestade de citocinas inflamatórias", explica a doutora Gabriele Zanirati, pesquisadora do InsCer e pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Medicina/Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS, responsável pela condução do trabalho.
Além disso, acrescenta a pesquisadora, os resultados sugerem a não ocorrência de efeitos adversos relevantes e mortalidade relacionada ao tratamento.
"Apesar de já existirem vacinas contra o coronavírus, a terapia celular poderia auxiliar, também, no tratamento de danos permanentes causados pelo vírus", conclui a Gabriele.
O estudo foi coordenado pelo professor doutor Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer e professor da Escola de Medicina da PUCRS (ESMED), e conduzido por Gabriele. O trabalho conta com a colaboração internacional do professor doutor Ashok Shetty, da Texas A&M University, e com os coautores Laura Provenzi, Lucas Lobraico Libermann, Sabrina Comin Bizotto, alunos de iniciação científica do InsCer e graduandos da ESMED , Isadora Machado Ghilardi, pesquisadora no InsCer e doutoranda do PPG em Medicina/Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS, e professor doutor Daniel Marinowic, pesquisador do InsCer e professor da ESMED.
O trabalho pode ser conferido neste link.