Pesquisador do InsCer participa de evento internacional de Medicina de Precisão
O pesquisador do InsCer Eduardo Zimmer participou, em setembro, da edição mais recente da Precision Medicine Functional Genomics symposium (PMFG), evento anual organizado pelo instituto Sidra Medicine, hospital de referência para crianças e mulheres no Catar. Junto de outros 49 cientistas selecionados de diferentes países do mundo, Zimmer apresentou os resultados de sua pesquisa relacionada ao diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer.
Em sua palestra, Zimmer expôs a importância de se entender, dentro dos estágios da demência, em qual estado estão os astrócitos – células no formato de estrela que são responsáveis pela nutrição e sustentação dos neurônios: “pensando na medicina de precisão, para enxergar os astrócitos como potenciais alvos farmacológicos, é necessário primeiro entender como eles flutuam conforme a doença progride. Nós já temos radiofármacos aprovados para fazer diagnóstico clínico muito antes da manifestação de sintomas da Doença de Alzheimer, mas para isso precisamos saber o estado do cérebro para usar o fármaco correto.”
Os 50 cientistas se reuniram em um ambiente para palestras e interações durante uma semana. Para Zimmer, “é quase inacreditável reunir tantas pessoas de qualidade e de tantos lugares do mundo ao mesmo tempo para falar sobre medicina de precisão e genômica funcional”. Entre as palestras, ele selecionou três que foram de grande destaque. Confira!
Bruno Reversade, diretor do Instituto de Biologia Molecular e Celular no A*Star, em Singapura, apresentou um estudo sobre o código genético de crianças que nascem com síndromes que alteram seus corpos: enquanto algumas nascem sem os braços, outras nascem com um a mais. A partir do mapeamento do genoma dos dois extremos, Reversade conseguiu identificar o gene responsável pela alteração e replicou sua descoberta em sapos, fazendo a perda e ganho de função do gene, reproduzindo as anomalias. “A partir disso, ele já sabe que se houver um medicamento agindo nesse gene nas crianças que nascem sem os braços, ela potencialmente vai nascer com os braços”, apontou Zimmer.
Marcelo Dietrich, professor adjunto de Medicina Comparativa e Neurociência na Universidade de Yale (EUA), apresentou sua pesquisa sobre como os neurônios coordenam a relação de interação entre mãe e filho a partir da análise de comportamento dos neurônios AgRP em recém-nascidos. “Quando esses neurônios são ativados, a criança sabe que precisa da mãe. Ela sabe que quer o conforto, calor e carinho da mãe”, explicou Zimmer. “Isso muda a origem e desenvolvimento de uma série de neurônios que se acreditava estarem relacionados apenas à alimentação.”
Giles Yeo, professor de Neuroendocrinologia Molecular da universidade de Cambridge (RU), expôs sua investigação sobre a parte genética da obesidade. “Ele desmistifica a ideia de que a pessoa é obesa “porque ela quer” ou “porque não se cuida”. Há pessoas que têm fatores genéticos que influenciam em toda a sua alimentação”, contou Zimmer.