Autoteste de Covid-19 pode ser aprovado nesta quarta-feira; saiba como ele funciona
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou na pauta desta quarta-feira (19) a definição sobre a venda de autotestes de Covid-19 no Brasil. A permissão foi solicitada à Agência pelo Ministério da Saúde como medida para amenizar a escassez de exames no país em razão do avanço da variante Ômicron.
Em uso em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, o autoteste não é permitido no Brasil em virtude de uma resolução da Anvisa, de 2015, que veda a comercialização para leigos de exames que tenham como objetivo “testar amostras para a verificação da presença ou exposição a organismos patogênicos ou agentes transmissíveis, incluindo agentes que causam doenças infecciosas passíveis de notificação compulsória”.
Como funciona o autoteste?
Na prática, explica Daniel Marinowic, coordenador do Centro de Pesquisa Pré-Clínica (CPPC) do InsCer, os autotestes se assemelham aos exames realizados em farmácia, chamados de antígeno.
"Eles usam o cotonete/ swab para retirar uma partícula do vírus e detectá-la em um sistema que tem alguns anticorpos que conseguem fazer a identificação do coronavírus. A metodologia é muito similar" compara Marinowic.
No entanto, a coleta do autoteste é mais superficial, apenas na parte interna das narinas, enquanto nos testes de farmácia as amostras são retiradas da nasofaringe.
"Temos que ter alguns cuidados quando a gente olha para os autotestes. Um deles é a capacitação do coletador, seja na autocoleta ou seja coletando dos pares. Isso deve ser considerado. Por quê? Porque existe uma metodologia descrita na bula que deve ser seguida para que o teste realmente funcione" observa o pesquisador.
Outros aspectos que também precisam ser ponderados são a janela para detecção do vírus, período em que há maior produção de partículas virais, tornando a identificação possível, e a sensibilidade deles. Nesse tipo de exame, a sensibilidade é inferior ao PCR, considerado o padrão ouro.
Um artigo disponível no PubMed comparou a sensibilidade de uma marca de autotestes usada nos Estados Unidos com a do PCR em mais de 2,4 mil indivíduos. Os resultados mostraram que para adultos sintomáticos, a sensibilidade do autoteste foi de 96,5%, enquanto para os assintomáticos foi de 70,2%. Em crianças com sintomas, foi de 84,6%, e sem sintomas, 65,4%.