07 de Janeiro de 2019

VIVA – Vida e Violência na Adolescência

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Coordenador: Prof. Dr. Augusto Buchweitz

Integrantes: Prof. Dr. Alexandre Rosa Franco, Prof. Dr. Rodrigo Grassi-Oliveira.

A violência entre adolescentes vem crescendo em números alarmantes. Os efeitos da exposição à violência nessa faixa etária incluem deterioração do desempenho escolar, dificuldade de concentração, problemas de frequência às aulas e aumento da taxa de abandono escolar. Ela rouba do jovem o desenvolvimento pleno de seu “capital mental” – ou seja, do seu potencial cognitivo e social para enfrentar a vida e tornar-se o adulto que ele quer ser.

Prof. Dr. Augusto Buchweitz

Pensando nas questões acima, o Instituto do Cérebro do Cérebro do Rio Grande do Sul – PUCRS e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentam o projeto VIVA, que tem como objetivo investigar os efeitos da violência e do estresse na aprendizagem e no cérebro adolescente. A partir de um trabalho conjunto entre as instituições, a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul e as escolas estaduais, alunos de diferentes regiões de Porto Alegre serão convidados a participar da pesquisa. O estudo combina medidas de desempenho escolar e de habilidades cognitivas, avaliações do funcionamento do cérebro e avaliações moleculares do hormônio cortisol, um indicativo de estresse, para desvendar os efeitos da violência na cognição do adolescente. São investigados diversos fatores mediadores que podem influenciar o desempenho na escola.

O projeto VIVA é coordenado pelos professores Dr. Augusto BuchweitzDr. Alexandre Franco e Dr. Rodrigo Grassi-Oliveira e busca estabelecer, pela primeira vez, os efeitos educacionais e neurobiológicos da exposição à violência em adolescentes; seus resultados poderão servir para avaliar o efeito positivo das intervenções educacionais e ações públicas a partir de parâmetros de desempenho escolar, neuropsicológicos e neurobiológicos. O estudo de Porto Alegre é parte de um projeto mais amplo de acompanhamento escolar realizado pelo BID no Rio Grande do Sul e no Brasil e, ainda, em Honduras.

 

Passo a passo da pesquisa:

* Jovens vítimas de violência respondem a um questionário

* É feita uma evolução neuropsicológica

* São realizados testes de matemática e leitura

* É feito o histórico médico

* Se colhe uma amostra de cabelo e saliva e é feita uma ressonância magnética funcional e estrutural

 

No primeiro estágio da pesquisa, o perfil dos participantes foi o seguinte:

47% dos adolescentes foram vítimas de crime convencional

18% foram maltratados

32% passaram por agressão de familiares

37% foram vítimas indiretas ou testemunhas de violência

 

Primeiros resultados:

Os resultados preliminares indicam que os índices neurais e moleculares investigados podem informar efeitos do ambiente tóxico no desempenho cognitivo dos adolescentes, e alertar para mais um fator negativo para a aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. O cortisol medido pelas amostras indica que a discrepância entre controles (jovens que não passaram pela violência) e jovens que passaram.

Em relação às imagens da ressonância, os resultados preliminares apontam que áreas do cérebro conhecidas como marcadoras somáticas estão desativadas em crianças vitimizadas. O pesquisador explica que isso vem de uma hipótese do Antonio Damasio, que as sensações corporais estão marcadamente associadas com regiões do cérebro. Por exemplo, ansiedade tem relação com aumento de batimentos cardíacos; estes marcadores somáticos influenciam a tomada de decisão, sendo que não há decisão totalmente racional. As áreas envolvidas com a integração de marcadores somáticos com a tomada de decisão estão desligadas nessas crianças.

 

Confira a pesquisa na mídia:

Jornal Nacional – Rede Globo – 9/10/2017

Bem Estar – Rede Globo – 10/10/2017 (3’25”)

Jornal Zero Hora – 13/10/2017